Ligando os pontos
Textos de Marcos de Vasconcellos, jornalista, CEO do Monitor do Mercado, colunista da Folha de S.Paulo e assessor de investimentos.
Alta de 10% da Bolsa em um mês gera o "efeito torcida de futebol"
Tenho a impressão que a boa fase dos times costuma mesmo fazer fornadas de novos torcedores. E sinto que caminhamos nesse sentido, em relação à nossa Bolsa de Valores
19/06/2023 12:08
Não acompanho futebol, mas meus filhos (de 6 e 3 anos) têm certeza que são palmeirenses. Suas paixões desportivas possuem algumas explicações, mas quando contam para alguém, a resposta costuma ser: “Ah, agora é fácil torcer para o Palmeiras, né?!”
Tenho a impressão que a boa fase dos times costuma mesmo fazer fornadas de novos torcedores. E sinto que caminhamos nesse sentido, em relação à nossa Bolsa de Valores.
Desde o dia 23 de março, o nosso principal índice do mercado, o Ibovespa, subiu mais de 20%. Só neste mês, foram quase 10%. Agora, minha caixa de e-mail e minhas redes sociais foram inundadas por pessoas que “já sabiam” dessa alta.
São analistas, influenciadores e investidores contando que “avisaram” e alertando que quem não seguir suas orientações a partir de agora vai perder a próxima onda de grandes altas dos ativos que só eles estão vendo.
Isso gera o famoso FOMO, sigla para o Fear Of Missing Out (o medo de ficar de fora, em tradução livre). Quando você ouve (ou lê) que a Bolsa subiu 10% e sua carteira de investimento, não, inconscientemente começa a sentir-se deixado de lado, temendo perder o próximo grande lance.
Essa insatisfação tende a levar você a comprar um curso, abrir uma conta, assinar um novo conteúdo. E isso não é ruim por si só. Consumir novos conteúdos, fazer cursos e consultar novos especialistas pode te ajudar a melhorar. O ruim é fazer isso sem entender o motivo.
Se você quer seguir o Ibovespa, basta comprar fundos que repliquem o índice (chamados ETFs), como o BOVA11. Mas é importante lembrar que eles também caem, como em fevereiro e março.
Assim como no futebol, otimismo é bom, mas é sempre melhor evitar o clima de "já ganhou", para não levar gol num contra-ataque. Há muitos anos não se falava tanto na proximidade de uma recessão nos Estados Unidos, o verdadeiro dono da bola na economia.
O melhor, agora, é deixar de lado a inveja do Ibovespa em alta e checar o quanto as travas das suas chuteiras aguentam mais jogo. Vai pintar bola boa para quem estiver bem posicionado.
Este é o tema da coluna de Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, na Folha de S.Paulo, nesta semana.
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*Imagem: Canva
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