Ligando os pontos
Textos de Marcos de Vasconcellos, jornalista, CEO do Monitor do Mercado, colunista da Folha de S.Paulo e assessor de investimentos.
Governo dá "empurrãozinho" milionário para aumentar lucro de locadoras
Por mais que nós ainda as chamemos de "locadoras de veículos", mais da metade do dinheiro ganho pela Movida no último ano veio da revenda de carros usados
17/07/2023 10:34
A nova injeção do governo para baratear carros populares, de R$ 300 milhões, veio com uma pequena observação: sem restrição a grupos. Assim, as empresas puderam ir às compras — e disputar os veículos com desconto com as "pessoas físicas".
O tamanho das encomendas de locadoras como Movida e Localiza já permite um preço "diferenciado", como dizem os vendedores. Com a nova regra, ficaram com a faca e o queijo na mão para aumentarem suas margens.
Por mais que nós ainda as chamemos de "locadoras de veículos", mais da metade do dinheiro ganho pela Movida no último ano veio da revenda de carros usados. No caso da Localiza, a fatia do setor de revendas atingiu 45% da receita total da empresa.
Nos balanços e na publicidade, essas áreas são chamadas de "seminovos" — e aqui acho que vale uma discussão semântica do termo. "Seminovo" é o equivalente automotivo a "meio grávida". Sequer existe uma definição oficial.
Ao mesmo tempo em que o programa do governo para baratear carros novos tende a reduzir os preços dos "seminovos" (por baratear carros em geral), o fim da restrição às empresas permite que elas aproveitem a "promoção" para repor os estoques dos automóveis que revenderão mais tarde, a preço de mercado.
Para isso, é importante ver quem está com dinheiro no bolso. A Localiza acaba de captar R$ 4,5 bilhões, com a emissão de novas ações, justamente com o objetivo de "expandir a frota de veículos da companhia". O aumento de capital foi anunciado entre a primeira e a segunda rodada do programa do governo.
A Vamos, que aluga (e revende) caminhões e máquinas, seguiu a onda e também emitiu novas ações na Bolsa para captar R$ 868 milhões. De acordo com anúncio da oferta —feita também no mesmo período em que o governo anunciou o programa de "desconto patrocinado" para veículos de transporte de cargas—, a destinação dos recursos prevê a aquisição de novos veículos e máquinas.
Este é o tema da coluna de Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, na Folha de S.Paulo, nesta semana.
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Imagem: Reprodução
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