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As oportunidades e armadilhas dos investimentos em Renda Fixa, com Paula Lopes, da Wise Investimentos/BTG Pactual.

O impacto da PEC da Transição nos seus investimentos

Afinal, o que é essa PEC e como o alvoroço causado por ela impacta seus investimentos em Renda Fixa?

icone de relogio 18/11/2022 12:23

Desde a semana passada estamos vendo que a PEC da Transição tem abalado o mercado e feito a curva de juros abrir fortemente.

Mas afinal, o que é essa PEC e como o alvoroço causado por ela impacta seus investimentos em Renda Fixa?

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição surgiu, pois, a proposta orçamentária de 2023 não inclui o atual valor do Auxílio Brasil (que voltará a chamar Bolsa Família) e demais propostas do governo eleito como o reajuste do salário mínimo acima da inflação. Para que seja possível executar essas medidas que estão além das previstas no Orçamento, o governo propôs que os gastos com programas sociais e alguns investimentos sejam retirados da regra do teto de gastos e também da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A notícia não foi recebida muito bem pelo mercado e os reflexos estão sendo vistos desde a semana passada, com a curva de juros subindo bruscamente, dólar subindo também e bolsa caindo. Toda essa movimentação mostra o tamanho do desconforto do mercado em relação à proposta.

Vale a pena relembrar que o teto de gastos existe para que a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) brasileira não tome proporções catastróficas e o país tenha que pagar mais caro para financiar sua dívida interna. Se o governo gasta mais do que arrecada, precisa se financiar pegando mais dinheiro emprestado do mercado e assim é natural que se cobre uma taxa de juros mais elevada. Ou seja, o risco fiscal impacta diretamente na curva de juros do país.

A gente sabe que o excesso de gasto hoje, vira inflação amanhã, já que, com mais dinheiro em circulação, os preços ficam mais altos, corroem o poder de compra e acaba por prejudicar justamente os mais pobres, que se tentou ajudar a princípio.

Ou seja, a conta de mais inflação e mais impostos tem grandes chances de chegar. E o mercado já antecipa todo esse movimento e precifica seus ativos, impactando as expectativas da própria inflação e desvalorizando o real.

E os juros? Quando olhamos os juros futuros, os DIs, percebemos que tiveram uma abertura (alta) na curva muito grande. Quando isso ocorre, as taxas dos Títulos Públicos acabam subindo também (prefixado, Selic e IPCA), criando um cenário de oportunidades na Renda Fixa, já que praticamente todos os títulos tendem a pagar uma taxa mais atrativa.

Por outro lado, a esperança de vermos um corte na Selic em 2023 é reduzida diante da brecha fiscal. O mercado voltou inclusive a prever um leve aumento na Selic. No começo da tarde desta quinta-feira (17), a curva de juros futuros mostrava que a Selic poderia terminar o primeiro semestre de 2023 em 14,50% ao ano, o que representaria uma alta de 0,75 ponto percentual em relação ao patamar atual.

E agora, o que vai acontecer? É preciso acompanhar os próximos passos da negociação da PEC no Congresso, afinal tudo vai depender da aprovação ou não da proposta. Quanto maior volume de gasto adicional aprovado, maior serão as incertezas e, consecutivamente, maior o impacto.

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